sexta-feira, novembro 21, 2003

To whom it may concern

Motivado talvez por um dos ultimos comentarios, percebi que nunca rascunhei nada sobre o subtitulo desse blog: "Meu pe de laranja mecanica".
Vou dar uma de "tio", e explicar o be-a-ba para quem nao souber mas tiver curiosidade...

Certa vez li uma entrevista do Deep Purple (numa dessas revistas de rock com folha de papel higienico), onde o entrevistador perguntou: "O que voces sentem ao ver adolescentes no seu show, cantando as musicas com a mesma desenvoltura daqueles que acompanharam sua carreira desde os anos 70?" e eles responderam, unanimes, que era uma coisa boa, pois afinal, a musica deles havia transpassado geracoes distintas, onde o mais interessante � que os jovens nao estavam unicamente atraidos pelas imortais "Smoke On The Water" ou "Highway Star", mas cantavam avidamente as musicas dos ultimos discos na mesma proporcao.
Imagine: diferentes geracoes, cada uma com sua interpretacao propria, unidas por um evento canalizador que nao era a apelacao das classicas musicas da decada de 70, nao era uma somente uma "transmissao hereditaria", e nem um disco em especifico, talvez nem a propria banda. Apenas a musica deles ja bastou. O nucleo sempre estava la, foi mastigado por cada um em sua propria maneira em diferentes epocas e marcou as pessoas. E nao foram poucas.
Nao me ouso considerar um fa de Deep Purple, mal tenho discos deles, mas achei que esse exemplo serviria para ilustrar a verdade que acontece com o filme Laranja Mecanica.
Lan�ado em 1972, dirigido por ninguem menos que Stanley Kubrick, proibido por anos em diversos paises, esse realmente foi um filme que passou por cima de tudo. Uma ebulicao cinematografica sobre juventude, violencia, limites, consequencias, e (principalmente) aparencias. Nao cabe fazer um resumo previsivel do filme aqui (eu jamais seria audacioso a esse ponto), mas acho que para um filme atravessar trinta anos e ainda se manter atual (e o pior: chocante), entao com certeza � um filme que vale a pena ser visto cada hora de um jeito, cada pessoa por seu pensamento, cada maquiagem por sua verdade.
Ahn, o titulo do blog? Sim...claro...
Meu cultivo de aparencias, assim como todo mundo que vive nos dias de hoje, onde somos uma pessoa diferente para cada pessoa que conhecemos, de maneira inconsciente, auto-defensiva.

Sobreviv�ncia.

domingo, novembro 02, 2003

Side Effects.

Ha dez anos atras, minha rede de contatos sociais era restrita aos meus colegas da quinta serie, dos quais uns 5 eram mais proximos, e meus colegas do curso de musica, somando mais uns 3.
Dois anos depois, ja entrava eu em meu curso de ingles, e meus amigos mais proximos ja circundavam o numero de 10 a 15.
Hoje, ja devo conhecer mais de umas 100 pessoas, e bem o suficiente para ter varios assuntos que consumiriam minutos suficientes para atrapalhar a fluidez do trafego de pedestres num eventual encontro de cal�ada.
Mas, quando eu olho pra internet, com quanta gente eu j� me comuniquei direta ou indiretamente atrav�s disso aqui, eu me assusto. E mais que isso, vejo como essa mega-rede de contatos jamais poderia ter sido prevista por mim ha dez anos atras, assim como eu nao posso prever a que propor��es isso chegara num futuro proximo. E o mais engra�ado eh justamente isso: as proprias referencias que usamos para prever uma coisa, no mundo tecnologico, sao variaveis em constante mudan�a.

Bem, a unica seguran�a eh afirmar que sera, de alguma forma, diferente. E que essa diferen�a sera, de alguma forma, grande.

Penso, em minha limitada perspectiva, na crianca de amanha. Que numa quinta serie da vida ja conhecera mais pessoas do que todas as que eu conheco hoje. E, imagine, que se hoje vemos pessoas fazendo coisas tao estupidas por conta da tal "influencia social", que propor�ao vai ter isso amanha?

Acho que vai ser cada vez mais dificil ser individual...