domingo, setembro 21, 2003

A Sorte Da Iniciativa de um TImido.

Os timidos tem um grande bloqueio social. Um fato.
Mas alguns definem este bloqueio por certas condi��es.
Para mim, falar em p�blico � algo extremamente divertido e ao mesmo tempo uma situa��o classificada normalmente como "sob controle", pois tudo na vida social do desafortunado timido se resume a esses dois tipo de situa��o: as control�veis e as sem-controle.
Minha situa��o condicional � qualquer uma relacionada a conhecer pessoas novas. Tal situa��o s� se encontrar� sob controle quando, por exemplo, for descoberto algum "link" entre a feliz (e extrovertida) pessoa interlocutora e o timido, de tal maneira que haja uma linha de conversa suficientemente boa e fluente para pelo menos dar ao timido a falsa sensa��o do "ufa, estou sendo soci�vel". Mas claro que Murphy existe para nos alertar da realidade de que isso praticamente nunca acontece, e que se chegar a acontecer, ser� apenas por um momento, curto demais para convencer a pessoa interlocutora de que o timido � uma pessoa normal, receptiva, falante, divertida, interessante e inteligente.
Para uma solu��o imediata e funcional, o timido se vale de taticas, algumas um pouco crueis e auto-indulgentes, para ludibrirar o funcinonamento de sua percep��o negativista e fechada. Meu extremo para for�ar uma condi��o em meu c�rebro � o pensamento do tipo "ah poxa, todos vamos morrer, vivemos num planeta dentre muitos no universo, numa galaxia de 100 bilhoes de estrelas, uma dentre outras milhoes, e eu estou aqui me torturando se devo falar com a pessoa x ou n�o".
Dr�stico, por�m por vezes eficiente. A n�o ser, claro, que fatores totalmente externos e imprevisiveis ajam sobre o timido nessa tentativa de contato com seu mundo narcisista.
Duas vezes isso me aconteceu hoje:
Numa festa no consulado do Chile, me foi apresentada uma simpatica menina, mas por tempo curto o suficiente para impossibilitar qualquer inicio de conversa de maneira "natural". O timido, por um golpe do destino, encontra momentos mais tarde, esta mesma menina, j� antes apresentada, numa fila para pegar sobremesas. A situa��o perfeita surge, o timido se prepara para, de maneira mais natural possivel, quebrantar a barreira social e chamar a aten��o da menina atrav�s de algum coment�rio pr�-elaborado (juntamente com seu leque de respostas poss�veis). Quando o t�mido estica seu dedo para chamar a aten��o da menina, no mesmo instante um bra�o se interpoe entre o timido e a menina, e uma gorda senhora se enfia numa arrebatadora ca�a a uma deliciosa iguaria de maracuj�. Assim que o timido se recupera, a menina j� virou as costase saiu, e toda prepara��o foi perdida. O timido fracassa.
Apesar de derrotado, o timido se encontra em outra oportuna situa��o quando de noite, durante uma festa, o timido reencontra uma ex-colega, que o recebe de maneira muito simpatica e meiga. O timido, critico, logo fica encantado em como a menina havia mudado, e da maneira como ela ainda se lembra do inexpressivo timido apesar do tempo: o suficiente para servir como a condi��o que empolga o timido ao estado de uma pessoa comunicativa e logo, numa rara ocasiao, permitir que os dois iniciassem uma interessante e divertida conversa.
Querendo agradar a menina, o timido puxa uma cadeira para uma conversa mais confortavel, quando, no mais repente momento, surgem os animados e inconvenientes amigos (estes j� por demais conhecidos) do timido, e simplesmente se interpoe entre o timido e sua interlocutora, de modo que cortasse qualquer assunto e aten��o, recuando a pobre menina para uma outra amiga, esta sim por sorte localizada bem ao seu lado no meio da confus�o. Ruina. A unica palavra trocada depois do fato foi um mero "bom te ver de novo!", alguns minutos mais tarde, sem telefone, antes que partisse.
Timidos detestam ser interrompidos. Quer no silencio, quer em seu �pice comunicativo.

Nenhum comentário: